Versão preliminar elaborada na pesquisa: "Materiais educativos digitais para lidar com o processo de morte e morrer: pesquisa-ação com acadêmicos de enfermagem".

• Autoria: Aretusa Thame de Morais Santos e Helen Chaves Pereira
• Orientação: Prof. Dr. Alfredo Almeida Pina-Oliveira
• Colaboração: Prof. Ms . Maria de Fatima Vianna Paixão Garcez

Nosso objetivo com a construção desse material educativo digital (MED) foi analisar os conteúdos relativos ao processo de morte e morrer na formação em graduação de enfermagem.

A finalidade da construção colaborativa deste material é apresentar o "Competencies and recommendations for educating undergraduate nursing students preparing nurses to care for the seriously ill and their families" (CARES). Este é um documento elaborado pela "American Association of Colleges of Nursing Palliative Competencies And Recommendations for Educating undergraduate nursing Students" e que recomenda as competências fundamentais para os estudantes de graduação em enfermagem saberem lidar com o processo de morte e morrer.

A seguir você conhecerá os resultados de nossa pesquisa que dividimos em duas áreas...

1 - A complexidade do cuidado no processo de morte e morrer

O cuidado ao paciente fora de possibilidades terapêuticas de cura necessita uma atenção especial dos profissionais da área da saúde. Afinal, o cuidado não envolve somente o paciente, mas também o seu familiar e outros entes queridos que o acompanham durante esse processo.

Os participantes da nossa pesquisa indicam um primeiro tema que auxilia no saber lidar com o processo de morte e morrer: Promover o cuidado humanizado.

Este tema reflete o cuidado focado no paciente e seus familiares com base em atitudes humanizadoras, que consideram o ser humano na sua singularidade e integralidade em um momento tão delicado e único.

Um atendimento humanizado baseia-se valorização de todos os sujeitos envolvidos -pacientes, familiares, trabalhadores da saúde- com foco na qualidade técnica e humanística do cuidado.

Segundo a indicação de uma participante, o link abaixo apresenta um texto bastante relevante de Erasmo Ruiz sobre "A Humanização e o Lugar da Morte".

E não só o profissional de saúde deve saber identificar a humanização da assistência, mas também o futuro enfermeiro deve ajudar a pessoa em diferentes níveis de atenção a saúde a reconhecer as características de um cuidado humanizado.

Descubra mais no texto de Marcela Alice Bianco, membro do Comitê de Saúde Mental da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale):

Outro tema destacado pelos participantes engloba Desenvolver atitudes empáticas e indica a relevância do futuro profissional se colocar no lugar do paciente e da família que vivenciam o processo de morte e morrer.

A empatia compreende a escuta atenta, o reconhecimento das próprias emoções e a abertura para compreender atitudes e comportamentos do outro. A fim de construir vínculos positivos para o cuidado.

Para refletir sobre isso, assista abaixo o vídeo produzido pela Cleveland Clinic:

Nesse sentido, o tema Garantir a qualidade dos cuidados paliativos defende a necessidade da busca aprofundada e contínua de conhecimentos técnicos, éticos, culturais e políticos para a prática profissional do futuro enfermeiro.

Outro tema emergente ressaltou que o acadêmico de enfermagem deve Respeitar os desejos individuais. Construir uma abordagem profissional que procura atender os desejos e as particularidades das pessoas no processo de morte e morrer, sem desconsiderar as possibilidades e os limites da sua inserção institucional, na equipe de enfermagem e na equipe de saúde.

Para ilustrar, selecionou-se o relato de uma situação exemplar presenciada por uma das acadêmicas de enfermagem do oitavo período:

"Uma vez tínhamos uma paciente muito querida neste estágio e ela pediu para uma colega uma laranja 🍊 [emoji desta fruta], e sim foi atendido o seu último pedido, porque sabíamos que ela tinha vontade apenas de uma laranja.”

Às vezes, o pedido do paciente ou do seu familiar, é algo muito simples e simbólico. Buscar maneiras de atender as necessidades, desejos e interesses das pessoas pode ser muito útil, empático e humanizador como futuros enfermeiros.

O cuidado proposto pelos participantes evidencia a importância de incluir os familiares, os amigos e outros entes queridos. Para tanto, Considerar a família no processo de cuidado deve integrar o conjunto de abordagens do enfermeiro para o enfrentamento do processo de morte e morrer.

O conceito de família ampliado deve ser incluído no cuidado.

2 - O enfrentamento pessoal relacionado ao cuidar na finitude da vida

As estratégias pessoais dos acadêmicos de enfermagem podem influenciar sua atuação como futuros profissionais de enfermagem. Nesse sentido, compreender suas limitações e suas possibilidades ao cuidar de pessoas fora de possibilidades terapêuticas de cura.

Identificar a impotência pessoal pode auxiliar durante a formação inicial em enfermagem para evitar emoções e sensações negativas, tais como: culpa, remorso e incapacidade. Entender que o diagnóstico final não depende do nosso cuidado, da equipe multiprofissional e nem do paciente, cabe somente compreender que não se tem o controle de tudo.

Nas oportunidades de interagir com pessoas nos cuidados paliativos, Reconhecer a dificuldade de aceitar a finitude permite a reflexão sobre a morte como uma etapa única do ciclo vital e que deve ser aceita como algo inerente ao ser humano em quaisquer fases da vida e contextos sociais.